SALA DO POETA DEMÓSTENES CRISTINO

O CRIME DE UM ESTILINGUE

Aquele sabiá que todo dia,
religiosamente pontual,
vem, triste e só, pousar na ramaria
do jasmineiro em flôr do meu quintal,

no mundo alado é o rei da melodia,
o maestro sublime e genial,
o mago, o feiticeiro da harmonia,
famoso concertista nacional.

Mas um dia, o estilingue de um malvado
roubou-lhe a companheira estremecida.
Agora ele anda por aí, coitado,

chorando aquele amor que se findou;
e desde então, com a alma confrangida,
emudeceu e nunca mais cantou...



Autor: Demóstenes Cristino
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