DIAS FELIZES


          Os sábados, domingos e feriados eram dias muito especiais para mim e minha irmã, nestes dias meu pai não levantava cedo para ir trabalhar e assim que acordávamos nós corríamos para sua cama, ele pegava o violão e todos nós começávamos a cantar algumas músicas muito bonitas e outras engraçadas que nos faziam quase morrer de rir, como esta que tento reproduzir abaixo:

Alô alô Roberta
esqueci a chave
deixe a porta aberta,
não vai fazer como da vez passada
telefonei e não valeu de nada,
eu hoje vou chegar cansado do serão
guarda prá mim um pastel de camarão.

          A música ficava mais engraçada porque meu pai trocava as palavras, dizia “esqueci a porta deixe a chave aberta” e outras brincadeiras que nos divertiam muito. Mamãe cantava e participava das brincadeiras fazendo caretas nos momentos mais inesperados. Graças a Deus meus avôs e meus pais se amavam muito e o amor deles foi o tempero mais positivo de minha infância.

          Cantar na cama era muito divertido e hoje sei que meu pai estava certo quando repetia aquele velho ditado que diz “Quem canta seus males espanta!” Eu e minha irmã adorávamos as nossas cantorias e meus pais também gostavam porque era um momento em que nos divertíamos juntos de uma forma sadia e educativa, pois tanto eu como minha irmã nos dedicamos à música e formamos conjuntos musicais nas décadas de sessenta e setenta.

         Lembro-me que fazíamos pedidos que meu pai atendia com alegria, ora era a “música da baiana” ora era a “música da Roberta”, não sabíamos (e até hoje não sei) o título das músicas, o importante era a diversão e isto nós tínhamos de sobra naqueles dias.

          Isto aconteceu há mais de meio século e ainda canto as nossas músicas, lembrando daqueles momentos mágicos e felizes. Fiz questão de cantar as mesmas músicas para meus filhos para que eles também se divertissem e se sentissem felizes como eu, sem tanto sucesso pois eu não toco violão. Uma infância feliz é essencial para que a criança se transforme em um adulto responsável e feliz.

Texto por Lupércio Mundim


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