MUITO TEMPO DEPOIS

 

 

A década de noventa está terminando, já estou divorciado a quase dez anos, eu e meu filho moramos juntos e minha filha mora com minha ex-esposa, mas eu e meus filhos estamos sempre juntos e já fizemos algumas viagens, inclusive uma temporada no Rio de Janeiro que deixou muitas saudades. Meus filhos me puxaram e também adoram viajar, eles fizeram sua primeira viagem sozinhos aos sete anos de idade. É claro que fui embarcá-los e que havia alguém aguardando no destino, mas viajaram sozinhos.

Eu tinha um bom amigo no meu ambiente de trabalho chamado Rondon (ele ainda é meu amigo, mas não trabalha mais na empresa), um dia eu abri uma página do jornal onde havia uma propaganda de uma viajem aos Estados Unidos e, mostrando-lhe a propaganda, disse: “Olha, Rondon, não está tão cara uma viagem aos Estados Unidos! Ele olhou o jornal e disse: Esta viagem é um sonho antigo que tenho...

Eu já havia estado nos Estados Unidos no início da década de sessenta e voltar lá também era um sonho que eu acalentava há algum tempo. Então eu disse a ele: Rondon, nós temos que fazer esta viagem! E ele concordou imediatamente. Não se tratava apenas de turismo, mas para quem gosta de informática uma viagem desta é algo incrível. O limite de compras era de quinhentos dólares e com esse valor pode-se comprar muitos componentes para fazer um bom “upgrade” (atualização) em um computador.

Alguns dias depois, após termos calculado todas as despesas que teríamos e feito o câmbio para sabermos de quantos Reais precisaríamos, concluímos que a viagem era possível e que iríamos faze-la! Corremos até a Polícia Federal para tirar o passaporte (meu velho passaporte já estava todo carimbado e sem espaço para novos registros). Depois fomos a Brasília solicitar o visto, temendo que ele pudesse ser-nos negado. Mas após ter mostrado o meu velho passaporte, com dezenas de carimbos (inclusive dos Estados Unidos) ficou tudo mais fácil. Agora era só comprar a passagem e embarcar!

Fizemos nossa reserva na Varig com algum contratempo, porque os vôos estavam lotados, em seguida compramos a passagem e ficamos aguardando o dia do embarque. Eu estava exultante em poder voltar aos Estados Unidos, o país mais avançado do planeta e em alguns dias estávamos a caminho. Fizemos uma escala em São Paulo, onde descansamos por duas horas e seguimos para Miami.

Descemos em Miami às quatro e meia da manhã e seguindo as orientações de nosso amigo Ronaldo, que lá estivera em lua de mel um ano antes, encontramos o ônibus da Hertz (aluguel de veículos) e fomos pegar o carro que havíamos reservado ainda no Brasil. Falamos com um senhor muito simpático que nos entregou a chave do veículo e fomos para o enorme estacionamento da Hertz.

A princípio fiquei um pouco decepcionado, pois havia feito uma reserva de um Ford Fiesta e encontrei um carro japonês (Suzuki Steem). Mas quando começamos a rodar com o carro pela Interestadual 95, em direção a Fort Lauderdale, onde ficaríamos hospedados, mudei de idéia. O carro era fantástico e muito superior ao Ford Fiesta. Ele tinha câmbio automático, direção hidráulica, air bags duplos, ar condicionado com ar frio, quente e natural e muitos outros equipamentos que aqui no Brasil era apenas um sonho...

Depois de muito procurar encontramos nosso hotel na principal avenida da cidade. Nosso apartamento era completo, tinha uma sala de visitas com tv a cabo, duas camas de casal, banheiro, closet e uma ampla cozinha. Mas nunca teríamos tempo para cozinhar nada, nossos dias eram uma correria após a outra, é claro que tínhamos que aproveitar cada minuto desta aventura.

Lupércio Mundim

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