OS CASAMENTOS

 

 

Eu, o Luciano e o Marinho casamos praticamente ao mesmo tempo e os casamentos deram fim ao primeiro conjunto musical amador famoso de Goiás, as esposas não queriam que seus maridos continuassem naquela farra. Foi uma pena e o fim de uma era de ouro em nossas vidas. Mas o melhor estava por vir, casados e felizes começaríamos uma nova fase ainda melhor, uma vida (esperava eu) de amor e romance. Minha esposa era uma pessoa adorável e gostava, como eu, de viagens, aventuras e acampamentos. Uma vez fomos acampar às margens do Rio dos Bois e escolhemos um lugar bem tranqüilo e isolado para montar nossa barraca, ao acordarmos demos de cara com uma bicicleta estacionada na árvore bem em frente à nossa barraca, fomos ver e descobrimos que ali era um ponto de encontro de pescadores, tinha até barcos ancorados no local. Na volta quase atropelei um porco e meu cunhado Greison (ainda um meninão na época) gritou: Pare! Abre a porta que eu vou pegar esse porco! Obviamente que eu não parei, além do mais o porco era enorme e para ele entrar no carro teríamos que jogar nossa bagagem fora...

Nessa viagem eu vi uns patos selvagens em um local próximo da estrada e parei o carro, naquela época eu gostava de atirar e eu tinha uma pistola Beretta e uma espingarda semi-automática de 16 tiros, ambas calibre 22, dei a pistolinha cano curto pro Greison pensando que ele não conseguiria acertar em nada e peguei a espingarda. Quando nos aproximávamos os patos saíram em revoada e eu descarreguei os 16 tiros que tinha em cima deles e não derrubei nenhum. O Greison, então, levantou o braço, teu uns dois tirinhos (eu pensei: está apenas gastando minha munição) e, por incrível que possa parecer, derrubou um pato! O pior foi que não conseguimos pegar o danado do pato porque na queda ele ficou preso em um galho bem alto de uma árvore enorme. Tudo bem, esses patos costumam ter a carne dura como pedra, eu nem imagino o que os cozinheiros chineses fazem, mas o “Pato à Pequim” é uma delícia. Após uma aventura como essa, voltávamos a Goiânia extremamente felizes e cansados. A única coisa que me entristeceu nessa viagem foi a perda de meu facão de estimação. Eu estava limpando uma área na margem do rio quando o greison me pediu: Deixa-me fazer isto? Tudo bem. Só que o danadinho segurou-se em um cipó e cortando os cipós da margem do rio acabou cortando aquele em que se apoiava. Ele mergulhou de cabeça no rio e voltou sem o meu facão, disse que o mesmo ficou fincado no fundo do rio.

Mas a viagem mais incrível que fizemos foi a de nossa lua de mel em Campos de Jordão, que pena que não tinha uma câmera de vídeo naquela época para gravar aqueles momentos mágicos de nossas vidas, restaram apenas umas poucas fotos... Escolhemos um chalé no Hotel Topo Verde, que como seu nome diz fica no topo de um monte. Se eu pudesse ficaria ali morando com ela o resto de minha vida, era um chalé pequeno mas muito confortável. Logo abaixo do chalé tinha um enorme parque florido, era do jeito que o mundo deveria ser: bonito, perfumado, colorido, bem conservado e, especialmente, romântico. Após ficarmos uma semana naquele paraíso partimos para o Rio de Janeiro, queria que ela conhecesse o Rio, cidade onde morei muitos anos e que adoro. Do Rio fomos a Petrópolis, para ela conhecer o internato do Colégio São José. Por incrível que pareça, apenas três anos e meio depois eu volto ao internato e não encontro nenhum dos meus amigos, apenas o secretário da escola e o Inspetor Guedes, gente boa, permaneceram lá, além dos diretores Dr. Mário e Prof. Manoel.

De Petrópolis fomos a Ouro Preto, onde tive que pagar hospedagem para um casal de coelhos que minha esposa havia comprado na estrada. Depois de conferirmos que os coelhos estavam bem instalados e alimentados, fomos conhecer Ouro Preto e comprar lembranças. No carro já não havia espaço nem pras crias dos coelhos, se isto viesse a acontecer na viagem. De Ouro Preto, que deveria chamar-se Ouro Puro, fomos a Belo Horizonte, onde nos perdemos por horas, aproveitamos a passagem próxima a um restaurante para almoçar e depois, finalmente, encontramos a saída para Brasília, onde fomos visitar uma tia de minha esposa, chamada Denise. De Brasília, após quase um mês de viagem, voltamos a Goiânia, onde pela primeira vez entramos em nossa casa onde, doravante, residiria a paixão, a alegria e um cão. Nós resolvemos comprar um cachorro de raça para guardar a casa e nos divertir e compramos um bulldog. Como o cachorro comia e bebia de tudo demos-lhe o nome de Chopp, sua bebida favorita. Aliás esse cachorro era um luxo só, tomava cerveja, comia presunto e tinha até um quarto na casa, realmente incrível.

Lupércio Mundim

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